Antes de tudo, vamos entender como a TV funciona? Michael Faraday percebeu que variação do fluxo do campo magnético cria, em um circuito elétrico, uma corrente elétrica induzida. A partir disso, perceberam que era possível através da indução eletromagnética, transmitir um sinal de um lugar para outro pelo campo eletromagnético que depende do tempo.
Mas se você ficou meio perdido com o que são ondas eletromagnéticas, podemos dizer que são ondas transversais, isso porque seus campos elétricos e magnéticos variam perpendicularmente em relação a sua direção de propagação, formada por cargas elétricas aceleradas e não precisam de um meio de propagação. Essa última característica é extremamente importante, pois ela dá possibilidade das transmissões de rádio e televisão existirem.
As ondas eletromagnéticas que são usadas nessas transmissões sem fio tem uma frequência na entre 104 Hz a 1011 Hz. Por conta do desvio que elas sofrem (difração), ondas com comprimento de onda longos, viajam quilometros e quilometros pelo solo, sendo recebidas por receptores que se encontram muito longe da fonte emissora.
Por exemplo, as ondas de rádio AM são refletidas pelas camadas da atmosfera e podem ser recebidas à longa distância. A ionosfera, que é uma camada mais estável e densa no fim da tarde, age como camada refletora dessas ondas e é por isso que conseguimos sintonizar estações de rádio de outras cidades nesse horário com mais facilidade.
Já o rádio FM e a televisão usam ondas com frequência bem maior que as utilizadas no rádio AM. Por isso, elas passam direto pela ionosfera. Por conta disso, precisamos de várias estações retransmissoras de televisão, para espalhar os sinais. E é aí que entra a possibilidade da TV captar coisas que não deveria, causando os chuviscos.
O chuvisco e o chiado são uma amostra da confusão eletromagnética que permeia nosso meio. Quando sintonizamos um canal em determinada emissora, o aparelho receptor capta sinais enviados por ela e os traduz em som e imagem utilizando feixes de elétrons que se chocam contra a tela. Se tentarmos sintonizar um canal que está fora do ar, não há nada sendo enviado pela emissora, mas nossa atmosfera está cheia de ondas desordenadas, criadas pelo campo magnético da Terra, pelas turbinas dos aviões, por outras torres de transmissão, etc.
Ou seja, quando você escolhe um canal, o sinal irá trazer informações para que esse feixe de elétrons se desloque de forma ordenada, distribuindo os pequenos pontos luminosos que formam a imagem. Já um ruído faz com que esse feixe se comporte de forma aleatória. Entre esses ruídos, temos ondas eletromagnéticas vindas do espaço, mais conhecida como Radiação Cósmica de Fundo.
A Radiação Cósmica de Fundo em microondas é um sinal eletromagnético cósmico e pode ser observado em todo o céu. Ela é o ruído do universo que vem de todas as direções e podemos captá-la aqui da Terra por aparelhos como a TV! Mais ou menos 3% do ruído eletromagnético recebido pela televisão é referente a Radiação Cósmica de Fundo. Cientistas conseguem descrever essa radiação por um espectro de corpo negro e medir sua temperatura, que é próxima de 3 Kelvin. Se levarmos em consideração essa temperatura, a intensidade está próxima da faixa das microondas do espectro eletromagnético. Essa radiação talvez tenha surgido quando o universo nasceu, bem antes do nosso sistema solar ser formado, quando a matéria era apenas um amontoado de prótons e elétrons.
Referências: Regina Pinto de Carvalho, David Halliday e Robert Resnick.