Pauta – 00 – Piloto – As Pessoas Desorganizadas são mais inteligentes?

Esta não é uma transcrição fiel ao que foi dito no episódio, mas uma transcrição detalhada da pauta, o que normalmente equivale a 90% do que foi dito no episódio.

Esta pauta foi feita por Igor Alcantara. A vitrine do episódio foi feita por Diego Madeira. O episódio foi apresentado por Nicolli Gautério e participaram, Patrícia Balthazar e Igor Alcantara.

O episódio começa com a vinheta Intervalo de Confiança. A trilha foi composta por Rafael Chino. A voz da vinheta é de Letícia Daquer.

Bloco de Apresentações

Nicolli diz: Olá, estamos começando o episódio piloto do Intervalo de Confiança. Eu sou a Nicolli e estou com meus colegas.

Patrícia diz: Patrícia.

Igor: E eu sou o Igor Alcantara.

Nicolli diz: Então este é o podcast Intervalo de Confiança, uma Distribuição Uniforme de Pensamento Crítico. Agora vamos para a parte de Recados.

Bloco de Recados

Igor diz:

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Bom, vamos então para o episódio de hoje.

Bloco Introdutório

Nicolli diz: Estamos aqui então no episódio piloto deste novo podcast. Neste episódio não vamos debater nenhum tema especificamente, mas explicar o que pretendemos com este projeto, quem somos nós, o formato do programa, etc. Eu vou pedir então para o Igor comentar de onde surgiu a ideia desse podcast.

Igor diz: Então, se por acaso o ouvinte já me conhece de outros podcasts talvez já saiba que eu trabalho com ciência de dados, mas poucas vezes tive a oportunidade de falar com temas relacionados a isso. E eu acho que um conhecimento básico sobre dados é muito importante para todo mundo. Especialmente nesta era de fake news, onde o sensacionalismo e a distorção dos fatos é cada vez mais grave, eu acho muito importante cada pessoa entender alguns conceitos básicos até para não se deixar enganar.

Se você pensar sob essa ótica, onde distorção ou mesmo mentira sobre dados pode levar pais a não vacinarem seus filhos, remédios não testados serem liberados para uso e políticos serem eleitos baseados em fake news, conhecer os truques por trás disso pode de fato salvar o mundo.

Então a ideia do podcast nasceu a partir desse pensamento. Há uns 2 anos eu cheguei a tentar fazer algo assim, até tinha gente interessada em trabalhar comigo nisso, mas minha agenda ficou muito apertada e eu tive que me ausentar da mídia podcast. Agora eu achei que seria um momento ideal de tirar isso do papel.

Aí então veio a questão: onde procurar voluntários? A princípio eu tinha apenas dois requisitos: que os outros integrantes fossem da área de humanas. Minha ideia era eu ser o único cientista de dados no podcast ou pelo menos o único da equipe de gravação. O motivo disso é que eu queria uma visão menos técnica e mais crítica, filosófica, ética e principalmente jornalística.

O outro requisito é que eu queria que pelo menos metade da equipe fosse formada por mulheres. Eu acho importante trazer as mulheres para o centro dos debates. Como elas são metade da população, por que não tê-las neste podcast e até mesmo em todos? Até mesmo por isso, como forma de posicionamento, nós decidimos que seria importante que nosso primeiro episódio tivesse como host uma mulher.

Bom, então com isso na cabeça eu lancei em alguns grupos do Facebook um post convocando pessoas interessadas e no grupo da Cracóvia, que é o grupo que faz os podcasts do “É Pau é Pedra” eu tive pessoas se voluntariando. Algumas para gravar, outras para editar ou ajudar em pautas e, assim, começamos a produzir o programa.

Bloco quem somos

Nicolli diz: Neste ponto, o ouvinte deve estar se perguntando quem somos nós. Começando por mim…
Sou Nicolli, podcaster (trabalho com edição, produção etc…), psicóloga e ex estudante de Física. Eu acabei por desviar do caminho das exatas, porém sempre percebi tanto exatas quanto humanas com uma fluidez não tão compreendida pelo sistema. Sou host e produtora do Polimorfas, faço parte da equipe do Polimorfia, EPEP – maior colaborativo do br e estarei iniciando um novo projeto em breve.

E você, Paty, conte pra gente o que te chamou a atenção neste projeto e por que você decidiu fazer parte deste projeto.

Patrícia diz: Então, o interesse por esse projeto surgiu por conta da minha pesquisa, sou formada em Pedagogia, pela USP de Ribeirão Preto e faço mestrado na área de Financiamento da Educação e Políticas Públicas. Na minha pesquisa eu analiso alguns dados relacionados ao gasto por aluno, dados de matrícula e de renda obtidos pelo censo do IBGE. Para me ajudar a analisar esses dados acabei cursando uma disciplina na pós de Estatística Básica e acabei me apaixonando pela área, brinco que sou uma pessoa de humanas, com metade do coração em exatas.

Outro ponto também porque eu resolvi participar do podcast foi porque eu senti muita dificuldade principalmente nas nas eleições nacionais de conversar com as pessoas com relações aos dados divulgados. Eu analisei os projetos políticos de todos os candidatos e o projeto do atual presidente trazia muitos dados estatísticos, e tinha um gráfico muito errado com relação à educação muito errado na interpretação dele, ele falava que nós estávamos gastando o mesmo tanto países da OCDE em percentual do PIB, ou seja, em média 5%. O problema é que o que é 5% do PIB do Brasil não é o mesmo que 5% do PIB dos Estados Unidos, o que o que isso representa em valor/aluno, eu lembro que na época eu fiz um áudio de mais de 20 minutos e mandei pelo WhatsApp para muitas pessoas tentando explicar que a interpretação daquele gráfico estava errada. Naquele plano de governo a justificativa para não se investir mais em educação na realidade é falsa, se comparado o valor real que cada aluno desses países da OCDE recebe o Brasil está muito abaixo, em não vou entrar mais em detalhes pois eu acredito que isso será tema para um próximo podcast. Por isso eu acredito na importância desse projeto de um podcast com relação à Ciência de dados. Por que a gente tem visto muita divulgações de dados errados, interpretações feitas erradas e é muito importante levar o tipo de informação para as pessoas, como eu disse eu não sou da área eu tenho aprendido um pouco sobre Ciência de dados, mais sobre análise de dados e eu entendo que hoje é uma área que todo mundo tem que saber um pouco e como uma pessoa de humanas eu posso dizer que não é tão difícil e nossa proposta aqui é essa.

Nicolli diz: E, por fim, Igor, fale um pouco de você para o ouvinte te conhecer.

Igor diz: Para quem não conhece, ou seja, para 99% de quem está ouvindo esse episódio, eu sou o Igor Alcantara e trabalho como cientista de dados e áreas relacionadas a dados já há um bom tempo. Eu moro em Boston e trabalho para uma empresa especializada na área, mas atualmente e já há uns 3 ou 4 anos estou trabalhando na Universidade de Harvard. Aliás, é por isso que me mudei de Los Angeles, onde estava com a USC, Universidade do Sul da Califórnia. Aqui em Harvard, além de dar alguns cursos esporádicos, eu trabalho com diferentes faculdades e em diferentes projetos. Mais recentemente estou na Harvard Law School.

Em relação a podcasts, eu já gravei quase 200 episódios, sendo que eu sou parte da equipe de dois: o TemaCast e o Mundo Freak, mas já gravei diversos podcasts como o Scicast, uns dois Anticast e alguns outros.

Bloco sobre o formato do Podcast

Nicolli diz: E até para facilitar o entendimento, nós vamos manter a edição do episódio o mais limpa possível. Então não vamos ter trilha de fundo, efeito sonoro, nada disso. Apenas a nossa vinheta inicial e a vinheta de transição de quadros.

Igor diz: Já em relação à periodicidade, a princípio vamos fazer programas quinzenais, saindo sempre na primeira e na terceira segunda-feira de cada vez. Isso vai ser um teste. Dependendo do resultado a gente pode mudar isso, ou fazendo mensal ou , quem sabe, semanal. Claro que isso envolve custos, então é algo que vai ser avaliado com calma.

E outra coisa que vamos fazer diferente de outros podcasts, não que seja melhor ou pior, apenas diferente, é que a gente não vai ter um apresentador fixo.

A ideia é que tenha uma rotatividade de host até para balancear a agenda de todo mundo. A gente pessou que, inclusive, faria muito sentido que esse primeiro episódio fosse apresentado por uma mulher, até mesmo como um posicionamento político. E eu sei que do meu lugar eu não deveria nem falar isso, mas a minha opinião é que representatividade importa muito.

Nicolli diz: Gente, e pro ouvinte que quer ajudar o nosso projeto, como ele pode fazer?

Patrícia diz: Primeiro, nos ajude a divulgar o podcast para que a gente alcance um número cada vez maior de ouvintes e envie para nós seus comentários e opiniões, seja através do nosso site intervalodeconfianca.com.br ou pelo e-mail contato@intervalodeconfianca.com.br. Use essas formas de contato também se você tiver sugestões de temas ou de pessoas que deveríamos entrevistar.

Igor diz: Além disso, nós precisamos de voluntários para nos ajudar a escrever pautas, fazer as imagens das vitrines e editar. Se você tem tempo livre e está disposto a nos ajudar, entre em contato. A única coisa que pedimos é que você verifique se terá mesmo tempo de ajudar para a gente poder se planejar direitinho. E obviamente o nome de todos que ajudarem será divulgado nos episódios.

E quando a Paty falou para o ouvinte enviar sugestões, não são apenas sobre temas não, nós queremos sugestões para um quadro que o programa terá que é o quadro Desvio Padrão. Nicolli, explica pra gente o que é esse quadro?

Bloco Desvio Padrão

Nicolli diz: O quadro Desvio Padrão é onde vai falar bem brevemente sobre algum dado que foi divulgado ou interpretado de forma errada, ou distorcido ou onde a parte científica foi ignorada e isso gera ou um exagero do que está sendo mostrado ou mesmo mostra algo que é completamente mentiroso.

Igor diz: Só que como a gente grava os episódios com certa antecedência, o vencedor do prêmio Desvio Padrão não necessariamente foi algo divulgado recentemente, mas alguma coisa que chamou nossa atenção. Até porque essas notícias vão e vem bastante.

Nicolli diz: Então Paty, quem é o vencedor desse episódio do Desvio Padrão?

Patrícia diz: O vencedor do prêmio desse programa foi amplamente divulgado na imprensa brasileira com o título de “Pessoas Bagunceiras são mais inteligentes”. Isso levou a muita gente compartilhar essa notícia, a maioria levando isso mais no bom humor.

Igor diz: Pois é, esse estudo foi feito por pesquisadores da Universidade de Minnesota e publicado no periódico Psychological Science. Eu fui atrás deste artigo e achei diversas falhas na metodologia e na conclusão e outras falhas também em como a imprensa divulgou essa notícia.

Mas antes, vamos entender como aconteceu o estudo. Nesse estudo, basicamente as pessoas eram levadas a uma sala e era dado um formulário para preencher e ainda eram sugeridas algumas tarefas opcionais, como doar dinheiro para caridade, pegar um chocolate para comer, etc. Além havia atividades como escolher entre um produto tradicional e um novo e sugerir novos usos para uma bola de ping pong.

Algumas dessas salas estavam limpas e arrumadas e outras estavam bagunçadas.

O que se percebeu é que as pessoas nas salas mais limpas tendiam a fazer as coisas que eram esperadas delas, sem questionar. No entanto, as pessoas das salas bagunças desviavam mais da regra e exibiam então mais criatividade, que é um atributo importante de inteligência.

Comentário sobre a transcrição: Mais pontos foram discutidos livremente que não constam na pauta, mas a seguir o título de alguns desses assuntos:

O estudo não separou as pessoas em grupos de pessoas organizadas e bagunceiras. Ele separou as pessoas em espaços previamente bagunçados ou organizados. Isso foi um erro da imprensa, pq o estudo dizia respeito não aos hábitos das pessoas, mas com a interação ao ambiente.

O estudo faz uma analogia direta entre criatividade ou “escolher algo novo” com inteligência, mas isso não necessariamente é verdade.

Boa parte das pessoas pesquisadas eram alunos da universidade, então a amostra não representa a população como um todo [vamos abordar isso em outro episódio]

Sendo assim, são pessoas que já conseguem imaginar que um ambiente com uma estrutura mais descontraída espera respostas menos estruturadas.

Não é possível discutir os resultados de tal maneira generalizando, apenas que nesta situação as pessoas do grupo A deram respostas mais pontuais e do B respostas mais subjetiva. Cada pessoa com sua estrutura de personalidade, vivências prévias etc vai conseguir se organizar de uma determinada maneira para estimular seu processo criativo.

Bloco Espaço Amostral

Nicolli diz: Já aproximando do final, nós entramos agora no nosso quadro ESPAÇO AMOSTRAL, onde cada um indica alguma coisa bacana que esteja vendo, lendo ou jogando. Vamos começar então pela Paty. Paty, o que você indica para nossos ouvintes?

Comentário sobre a transcrição:

Indicação da Paty foi o livro Os Robôs da Alvorada de Isaac Asimov.
A indicação do Igor foi a Série The Code da BBC e Netflix.
A indicação da Nicolli foi o podcast “Eu Organizado”.

Bloco de Encerramento

Participantes se despedem.

Author: Igor Alcantara

Cientista de Dados, professor e podcaster. Com mais de uma década de experiência trabalhando com dados, atualmente reside em Boston - MA com sua família e uma gata.