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Bóson da Jey: Série The Expanse

O que eu achei que seria apenas mais um seriado de “navinha” (como eu ironicamente gosto de chamar todos os seriados e filmes que usam navinhas), The Expanse foi meu melhor achado do ano. Não pense você que não gosto de seriados assim, Firefly sempre será um dos melhores para mim! “Duzentos anos no futuro, com todo o Sistema Solar colonizado, o detetive de polícia Josephus Miller, nascido em Ceres, no cinturão de asteroides, tem a tarefa de procurar uma jovem mulher desaparecida, Julie Mao. Enquanto isso, James Holden, o Oficial Executivo do transportador de gelo Canterbury é envolvido em

A Capacidade (e Limitação) de Máquinas Entenderem a nossa Língua

Esse é o primeiro texto do Intervalo de Confiança sobre NLP (Natural Language Processing), as técnicas computacionais para fazer sistemas capazes de entender as línguas humanas. Essa área abrange diversas aplicações: o Google Translate, a Siri, o teclado do seu celular, entre muitas outras que são menos visíveis. No do NLP, está o aprendizado de máquina, permitindo que modelos estatísticos aprendam diversas nuances linguísticas. Neste texto, não vou entrar nas técnicas de NLP em si, mas falar de algumas características comuns a praticamente todas elas que acabam impondo certas limitações práticas. Mais especificamente, em como certas coisas são óbvias e

Devemos criar máquinas conscientes?

No Sexto Episódio do podcast Intervalo de Confiança, falamos sobre o complexo, intrigante e interessante assunto da Consciência Artificial. No entanto, uma discussão que ficou em aberto foi a que dá título a este texto. Mesmo se pudéssemos criar uma máquina que tenha consciência de si mesma, deveríamos fazê-lo? Existe desde a primeira Revolução Industrial um debate, que se tornou maior nos momentos finais da Segunda Guerra Mundial no Pacífico, sobre ser correto ou não desenvolver algo apenas por termos a capacidade científica de fazê-lo. Para responder a isso, precisamos analisar dois aspectos: primeiro, que consequências uma Consciência Artificial teria

A Falta que o Pensamento Estatístico faz

Para trabalhar com dados, quem vê de fora pensa que parece ser necessário um conjunto de skills bem específicas e difíceis, com o objetivo de dar sentido à um amontoados de números. Bem, claro que existem estas partes, mas quem trabalha de forma profissional com dados não começou daí. Há um passo anterior a ser dado, que tange não somente à quem trabalha na área, mas se faz tão importante que extrapola os limites corporativos, e deveria ser de acesso básico, inclusive por determinar futuros de nações e toda uma cultura. Estou falando do pensamento estatístico. Não é necessário saber

Ei, Data Scientist, Você não é de Exatas!

Houve uma época em que fui apaixonado por Engenharia, e essa crença me levou à prestar mais atenção nas aulas de matemática, a crença que eu era “de exatas”. Depois, comecei a me envolver muito nas aulas de Filosofia, amava os autores e a literatura, então como eu poderia gostar de matemática? Eu sou é “de humanas”! Este trecho de minha vida é uma evidência anedótica de que a clássica separação entre áreas do conhecimento é tola: Se houvesse um condicionante biológico, eu não variaria tanto de curso pretendido desta maneira na minha juventude. E nem faz sentido que esta

O Fim da Humanidade?

Não é raro na antiguidade relatos de mitos e lendas onde uma grande destruição caía sobre a humanidade, seja localizada em uma cidade ou mesmo no planeta inteiro. Esses eventos eram sempre descritos como alguma vingança divina ou devido a uma necessidade de purificação. Como as primeiras cidades e civilizações sempre emergiam próximo a grandes rios ou mares e o controle sobre esses era fundamental para a sobrevivência, essas catástrofes estavam muitas vezes relacionadas a enormes dilúvios. Imagens como a que ilustra este texto eram inexistentes no imaginário popular. No entanto, mesmo as mentes mais criativas do passado que moldaram

O que o Brasileiro escuta?

Uma análise dos dados sobre as 50 músicas mais tocadas no Brasil. Compreender o gosto musical do brasileiro é também compreender seu momento cultural e emocional. Contudo, para compreender o gosto musical tupiniquim é preciso avaliar fatores chaves sobre o impacto da música sobre quem a escuta. Entre os principais fatores estão a “danceabilidade”, a valência, a energia e a presença vocal.Então, a partir dos dados da lista das 50 músicas mais tocadas no Brasil fornecidos pelo Spotify em setembro de 2019 e utilizando o pacote spotifyr elaborado por Charlie Thompson é possível ler e analisar as principais características das

Avanço Tecnológico, Inteligência Artificial e Marxismo

“A propósito da técnica: é apenas um instrumento de opressão de classe? Basta colocar a pergunta para ter logo a resposta: não, a técnica é a conquista fundamental da humanidade: embora tenha servido como instrumento de exploração é, ao mesmo, condição essencial para a emancipação do explorado. A máquina sufoca o escravo assalariado. Mas este somente pode libertar-se através da máquina”. Leon Trotsky Do mesmo modo que a mercadoria oculta uma relação de classes de certo período histórico, a tecnologia é concebida como para se alcançar  certos fins, como “ciência aplicada” em equipamentos para potencializar a eficiência na produção de

A Supremacia Quântica

Se você chegou até aqui esperando algum texto com teor messiânico, místico ou com temática “coach”, veio ao lugar errado. Qualquer uso do termo “quântico” que não se aplique fora das regras da mecânica quântica é charlatanismo e deve ser execrado. Em outras palavras, se a pessoa diz que trabalha com algo quântico, ela deveria, no mínimo, entender a bela Equação de Schrodinger que está ilustrada abaixo e explicar seus conceitos de auto-ajuda de forma matemática com base nos princípios estabelecidos por essa área da física. Se este texto não tem por objetivo dizer que com o pensamento correto você

Comportamento de Máquina: O que as humanas e biológicas podem nos ensinar sobre Inteligência Artificial

No distante ano de 2005, meu primeiro ano de mestrado no ITA, eu decidi aprofundar meus conhecimentos em agentes inteligentes, assunto esse que fez parte do meu projeto de conclusão de curso na graduação. Como fruto disso, desenvolvi um pequeno programa que consistia basicamente em um ecosistema retangular cujos os habitantes eram pequenas bolas. Cada uma dessas bolas possuía duas características imutáveis: cor (dentre 5 possibilidades iniciais) e gênero (dentre 3 possibilidades: XX, YY e XY); além de algumas características que poderiam mudar: idade, fome, tamanho, velocidade (baseado em um cálculo de fome, idade, tamanho e gênero – gênero YY